domingo, 25 de outubro de 2015

Rio De Janeiro - A Serra de ontem e de hoje

Serra Do Rio De Janeiro - Caminho Novo Da Estrada Real
A região serrana do estado do Rio De Janeiro era uma das Estradas Reais na época do Brasil colônia. Foi a partir do ano de 1700 que este passou a ser um dos principais caminhos para chegar em Minas Gerais, apesar de ser um trajeto longo e de difícil acesso.


As margens do Caminho Novo, encontrava-se áreas proibidas que, por não produzirem ouro, foram rigorosamente conservadas por ordem da Coroa, sendo-lhes impedido o acesso até o final do século XVIII como forma de barrar os descaminhos.


Posteriormente, o Caminho Novo foi substituído pelo chamado Caminho Do Proença que apresentava a vantagem de encurtar o percurso, seguindo do porto da Estrela até Petrópolis, depois seguia até encontrar-se com o Caminho Novo em Paraíba do Sul.

Paty Do Alferes

O Vale Do Paraíba Fluminense se estende, com paisagens incríveis, histórias interessantes e um clima revigorante.


No canto direito da foto acima e possível ver a pequena estação da cidade de Paty Do Alferes com 3 vagões sendo descarregados.

 Acima a estação de Paty Do Alferes do lado esquerdo.


Inicialmente a pequena vila se limitava ao largo da igreja matriz, onde deveria ser o ponto central da "Roça Do Alferes".

A construção no centro da praça foi erguida como um "castigo para escravos" que após suas condenações eram acorrentados em praça pública.

Contra os costumes da época, o centro da cidade se formou atrás da Igreja, provavelmente por ser um terreno mais plano, as margens do rio e próximo a ferrovia.


 
Aos poucos as ruas ganhavam casas, mercearias, botequins e um dos primeiros postos de combustíveis (embora os principais transportes fossem o trem e as charretes).



O maior comércio acontecia ao lado da estação, na antiga grande feira popular.


A praça era simples, o coreto foi construído sem cobertura, posteriormente foi coberto por sapê e mais tarde ganhou telhas francesas.


Toda produção agrícola dependia do transporte por caminhões ou pelo trem, por isso a plataforma da estação foi ampliada para dar maior suporte aos comerciantes.



 Atualmente, embora a estação continue no mesmo lugar tal como era antes, sua plataforma permanece silenciosa...


Utilizada como secretaria de turismo do município a antiga estação já foi pintada de diversas cores, apesar de ter seus trilhos cobertos pelo asfalto, se mantêm como antigamente. Sua plataforma hoje em dia foi cedida como ponto de vendas de artesanato local, e abriga um pequeno bar ao lado da antiga bilheteria.

A pouco tempo a pintura original foi restaurada.

Os grandes casarões em estilo colonial permanecem em pé embora o descaso com a maioria seja evidente.

Essa construção datada de 1881 e tombada pelo Inepac, era uma propriedade particular que após a emancipação da cidade passou a ser a sede da câmara municipal, uma bela obra arquitetônica decorada por azulejos portugueses.


Atualmente o prédio foi interditado pela defesa civil porque as condições em que se encontra (com rachaduras em toda fachada) pode ruir, levando um pedaço de Paty ao chão. Neste casarão luxuoso foram veladas as personalidades mais ilustres da cidade.


Algumas propriedades privadas como a Fazenda Quindins foram reformadas mantendo o estilo original e adaptada as necessidades atuais da forma mais natural possível.

Outro bom exemplo e a Fazenda Monte Alegre.

Por força dos vários fatores econômicos, como principalmente o esgotamento da terra para o plantio de café em virtude de tratos culturais inadequados e da abolição da escravatura, os Werneck, empobrecidos, tiveram de deixar a fazenda em 1911.

Daí em diante a Monte Alegre foi fragmentada, tendo a casa passado por vários proprietários e até mesmo por uma empresa que a transformou em hotel e cassino.

Finalmente, chegou às mãos de seus atuais proprietários, que a compraram em ruínas e levaram 6 anos para restaurá-la, com uma equipe de 3 artesãos, com enormes dificuldades para seguir os padrões originais, inclusive do paisagismo do artista francês Glaziou nos jardins.



Mas nem todas se salvaram; Justamente as principais construções históricas da cidade estão prestes a cair.


A Fazenda Freguesia que hoje e a Aldeia De Arcozelo e patrimônio nacional e pertence a Funarte, que não faz absolutamente nada para preservar as estruturas rústicas, as construções de pau-a-pique e os grandes salões sustentados por enormes vigas de madeira erguidas por mão de obra escrava.

Algumas construções da fazenda desabaram a algum tempo, em 1965 o prédio ao lado da casa grande ainda estava em pé, hoje em seu lugar há uma horta.

A capela de São Francisco De Assis foi desativada, parte dos alojamentos está interditada e tem as paredes escoradas, uma terceira capela desapareceu, havia apenas parte do que um dia foi um altar no canto de um dos muros que delimitam a propriedade.
 

Paty Do Alferes se emancipou em 15 de dezembro de 1987, desde então pode se desenvolver sem depender da estreita fronteira com o município de Vassouras.

Vassouras


Vassouras teve sua ferrovia devastada, embora a mesma tenha contribuído muito ao dar suporte a região, arrancaram até os trilhos na parte da frente da estação. Atualmente na cidade não existem pontes, viadutos e nem mesmo trilhos, nenhuma evidência de que um dia o trem por ali passou.

Em Vassouras havia outra grande estação, e dela não restaram nem mesmo as telhas, o lugar foi esquecido e tomado pela densa vegetação.


Na construção de madeira enfrente a estação existem marcas que possivelmente tiveram origem após contato com fogo (queimadas).

Miguel Pereira

 O município de Miguel Pereira foi um dos lugares mais importantes no setor ferroviário da região serrana do Rio De Janeiro; Tudo se expandiu nas proximidades da estação ferroviária da cidade.


Acima a estação Professor Miguel Pereira em 1944 ao lado dos grandes galpões da RFFSA. No canto direito entre as árvores e possível ver uma locomotiva "Maria Fumaça" chegando na plataforma da estação.


A visão lateral permite melhor visibilidade sobre a grandiosidade do complexo de R.F.F.S.A


Essas enormes construções davam sentido a cidade, que nos bons tempos era um grande polo ferroviário, as famílias dos funcionários moravam próximas as estações, e as oportunidades de trabalho eram boas, muitos filhos e netos entraram para a rede ferroviária porque herdavam dos pais ou avós a paixão por trens.

Essa imagem mostra os fundos da estação de Miguel Pereira no início da década de 80.

Tudo que restou foi o prédio principal da estação, que hoje e reconhecido como patrimônio e foi completamente reformado.


Reinaugurada, a estação de Miguel Pereira está completamente diferente daquela "velha construção" que há muito tempo não tinha utilidade para o município...



Miguel Pereira por ser uma região extensa contribuiu para a construção da Linha Auxiliar de forma que a ferrovia sempre esteve em harmonia com o tráfego de carros e vice-versa.






A ferrovia dava sentido a cidade, gerava empregos, carreiras profissionais, o povo sempre valorizou cada gota de suor durante as obras de assentamento dos trilhos, e bom saber que em breve os moradores poderão abrir as janelas de suas casas ao som de um forte apito para ver o trem passar.


Trilhos no centro da cidade quando a ferrovia ainda estava ativa na década de 80.

Desativada - em manutenção por antigos ferroviários (2012 - 2013)

Revitalização em 2015

Ao falar da ferrovia em Miguel Pereira, e impossível não imaginar como era o grande pátio de manobras, as oficinas e galpões em Governador Portela.


Infelizmente os galpões não existem mais, em seu lugar há apenas o chão com trilhos ainda e a saudade, porém as boas lembranças estarão sempre com cada um de nós.


 Sem dúvida uma das coisas mais marcantes em Governador Portela eram as grandes oficinas de locomotivas, os galpões e o enorme pátio de manobras em volta da grande estação, mas sobraram apenas boas recordações para aqueles que chegaram a conhecer e a imaginação dos admiradores que não tiveram essa oportunidade.


Uma das ultimas imagens antes da demolição dos galpões por outro ângulo.




Na época do Trem Azul, alguns destes galpões permaneciam de pé mesmo com parte do ramal desativado, a grande estação, os galpões maiores, e o pátio com várias linhas ainda faziam parte da paisagem.


O pátio de manobras e triagem era todo em bitola métrica, contava com um manobrador em formato de triangulo, também conhecido por reversor de manobras.
(O Triangulo de Manobras funciona da seguinte maneira: A via de origem é a transversal 1, e o veículo entra de ré na curva 2, para voltar de frente na reta 3)

Em Conrado havia outro grande pátio com um manobrador do mesmo tipo.

São raros os registros sobre o grande pátio que ali um dia existiu.
 


Os galpões e as oficinas não existem mais, foram demolidos e juntamente com o pátio de manobras, até a maior parte dos trilhos foi arrancada.


Já a estação, permanece de pé enquanto e reformada para ser utilizada novamente.


Essa mesma estação que resistiu ao triste processo de urbanização hoje e reconhecida como patrimônio do município e está sendo devidamente preservada.


 A reforma aconteceu no momento certo, parte das vigas que sustentavam o telhado estavam completamente podres e quase desmoronando de vez.


Da estação de Portela, saia a linha que fazia entroncamento com o Ramal De Jacutinga em Vassouras.


A linha descia da estação, passava por um pontilhão sobre a rua principal de Governador Portela, fazia a volta pelo centro, e seguia rumo a Vassouras.
 

Apesar de todos os infortúnios incluindo um incêndio criminoso, o pequeno Auto De Linha permanece em atividade e está sob os cuidados da A.F.P.F Associação Fluminense De Preservação Ferroviária.



O distrito de Conrado, teve os antigos trilhos encobertos por asfalto e concreto, mas a tênue lembrança de seus anos de glória estará eternizada em pontos como a velha estação.

Durante a década de 80 enquanto houveram os trens turísticos, a estação de Conrado tinha um grupo de artesãos diversos que vendiam ali mesmo seus souvenirs; A estação era cercada para evitar que crianças saíssem para os arredores.


Não restaram vestígios do grande pátio que havia em Conrado, porém era consideravelmente grande.


Ao chegar na estação de Conrado, fim da linha das viagens turísticas, tanto o trem tracionado pela locomotiva a vapor quanto o tracionado pela locomotiva a diesel, eram manobradas para subir a serra e chegar novamente na estação de Miguel Pereira.


Trilhos antigos ainda em atividade...

Trilhos desativados...

Trilhos Novos...

Outro ponto turístico que se destaca em Miguel Pereira e o Lago de Javari.

Segundo alguns moradores antigos a primeira ponte de cordas sobre as aguas do lago arrebentou no dia de sua inauguração devido a grande quantidade de pessoas.


Na década de 80 ancorada em uma beirada do lago havia uma grande barca que servia de restaurante, a movimentação de turistas era muito grande, mas infelizmente no final dos anos 90 a barca começou a afundar, e por questão de segurança foi desmontada, o resto afundou deixando apenas uma boa lembrança.


Hoje em dia a ponte e sustentada por cabos de aço, tendo muita segurança. O lago permanece como um dos principais atrativos da região, ainda e possível pescar em determinados pontos do lago, ou navegar a bordo dos pedalinhos.