terça-feira, 28 de março de 2017

Viaduto Paulo De Frontin 120 anos

Há 120 anos atrás, na região serrana do estado do Rio De Janeiro foi inaugurado o Viaduto Paulo De Frontin, fabricado na Bélgica e construído para a Estrada De Ferro Melhoramentos Do Brasil.


A fama devido ao seu formato e sua grandiosidade, permanece encantando os olhos daqueles que a cruzam, seja de trem ou por pura curiosidade.


Caminho de tantos destinos, testemunha de chegadas e partidas, está na lista das maiores obras da engenharia ferroviária do Brasil, superando as expectativas de qualquer um sobre uma ferrovia que une a "roça" aos balanços de subúrbios na "cidade grande".


Chega a ser irônico o fato de que a exatamente 100 anos após sua inauguração, o trem cruzou o grande viaduto pela última vez. Mas os bons momentos estão gravados na história e merecem ser relembrados nesse dia tão especial que marca a contribuição da Bélgica com as ferrovias no Brasil.


A "Ponte De Vera Cruz" como ficou conhecido o viaduto, se popularizou e se tornou um cartão postal que apesar de mudar constantemente, inspira velhos ferroviários e novos admiradores a sonhar com o dia em que um forte apito ecoará sobre a estrutura avisando que o Trem está de volta.


Na década de 70 os trens de passageiros reduziram o tamanho das composições e assim, quase sempre uma locomotiva tracionando três vagões era capaz de ocupar quase todo o viaduto de 82 metros de comprimento sem contar as cabeceiras.


Nestes 120 anos o trem mais famoso a percorrer a serra de Miguel Pereira foi o "Trem Azul" que fazia viagens turísticas, passando pelo viaduto na descida e na subida.


O Viaduto Paulo De Frontin foi usado para gravações de algumas telenovelas,uma das vezes foi no último episódio da versão antiga da novela "Sinhá Moça".


Com a desativação das atividades ferroviárias, hoje o viaduto de 32 metros de altura e usado para praticar esportes radicais como rapel e bungee jumping.


E aqui fica a homenagem do Blog Trem Da Serra Do Rio De Janeiro ao Viaduto Paulo De Frontin que se tornou um importante símbolo da ferrovia na região serrana do RJ.

sábado, 11 de março de 2017

Trem Barrinha

A história do Trem Barrinha se confunde com a história dos antigos trens de passageiros e até mesmo com o ramal entre Japeri e Barra Do Piraí. 

Desde os tempos da Estrada De Ferro Dom Pedro II, já era intenso o fluxo de trens na serra do mar rumo a Barra Do Piraí; O principal interesse na construção dessa ferrovia era o escoamento de produtos agrícolas mas os trens se tornaram a principal forma de transporte para centenas de pessoas diariamente entre as cidades e vilarejos.



No início todos os trens faziam as viagens completas, partindo de pontos distantes e parando praticamente em todas as estações, nessa época ainda era permitido que as composições fossem mistas, com vagões de passageiros e vagões de carga. 

O eixo ferroviário em Barra Do Piraí conectou Rio De Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, sendo indispensável manter trens regulares partindo da Central serra a cima, portanto e normal o surgimento de um trem regional, ligando o interior do estado ao Rio De Janeiro onde já circulavam os trens de subúrbios, isso explica a origem do Barrinha.



Uma característica clássica do Barrinha era a função de "trem parador" porque ao longo do percurso, as paradas eram feitas em todas as estações (até mesmo as mais antigas).

Por volta de 1970, quando surgiu o Barrinha, os trens de passageiros estavam sendo gradativamente substituídos por trens de subúrbio, mais rápidos e eficientes.



As composições do Barrinha variavam de acordo com os períodos da história da EFCB, durante a maior parte do tempo, os trens de subúrbios eram formados por TUEs, Trem Unidade Elétrico – um tipo de composição movida a eletricidade formada por um ou mais carros de passageiros, sendo um deles chamado de "carro – motor" para tracionar os "carros – reboque”.



Devido ao péssimo estado do sistema de eletrificação da linha na serra do mar, em algumas ocasiões não foram usados os TUEs, o Barrinha foi composto por dois carros de aço de carbono tracionados por locomotivas diesel elétricas.



Quando as locomotivas a diesel eram utilizadas na tração dos trens, eram colocados dois carros de passageiros em aço de carbono, e para suprir a falta dos trens mistos (passageiros e cargas), era necessário acoplar um vagão fechado na composição para transportar os objetos dos passageiros.



Mesmo após a criação da CBTU (Companhia Brasileira De Transportes Urbanos) em 1984, o Barrinha ainda utilizava TUEs emprestados do STU RJ (Sistema de Trens Urbanos). Foi só em 1992 que foram adotados os TUEs da CBTU e Flumitrens reformados.



Na manhã do dia 18 de setembro de 1996 a composição do Barrinha transportava cerca de 90 pessoas distribuídas nos três carros TUEs, quando um cargueiro desgovernado atingiu a 100 km/h o trem de passageiros numa passagem de nível a 700 metros da estação de Japeri. O triste resultado foi o óbito de 16 pessoas e dezenas de feridos graves.



A locomotiva a diesel SD-18 N°5032 foi desativada em 18/09/1996 e atualmente se encontra no pátio da Oficina do Horto Florestal em Belo Horizonte.



Imagens no local do acidente.



O trágico acidente aliado a privatização da rede ferroviária federal RFFSA, foi o complemento ideal para desativar o trem definitivamente.



Até as cidades vizinhas como Valença, Vassouras, Mendes, Volta Redonda, Barra Mansa e Pinheiral sofreram impacto após a desativação do trem de passageiro que vez o outra também transportava pequenas cargas entre essas cidades.

Após o acidente o transporte ferroviário ficou exclusivo para mercadorias, minério de ferro e a produção da Companhia Siderúrgica Nacional.

Com a extinção desse trem, pequenos agricultores transportam a pé, ao longo da linha férrea, parte da produção agrícola.



Em 2002 foi realizada uma viagem técnica para analisar a viabilidade de retomar as operações do trem, uma SD - 38 M da MRS tracionou três carros TUE série 400 no trecho da "Linha Barrinha" porem não houve progresso.



Em 2007 um projeto visava reativar o Barrinha, sendo este operado pela Central. O percurso teria nove estações e duas paradas, com quatro viagens diárias.



A nova composição contaria com uma locomotiva da MRS para tracionar os três TUEs série 400 haja visto que a eletrificação da linha foi desativada após a privatização.



O projeto chegou a considerar a possibilidade de usar uma locomotiva Alco RS - 3 de numeração 7115 da Supervia para tracionar três carros de passageiros reformados.



Embora o trem tenha sido reformado e testado, a ANTT não aprovou a circulação do mesmo e impediu o projeto de seguir, gerando um prejuízo de R$ 1.750000,00 referente a reforma dos TUEs pela empresa T-Trans. O trem foi abandonado em Barão De Mauá.


















Com a inauguração de um novo viaduto ferroviário conectando os municípios de Japeri e Paracambi em 04/04/2011 uma linha variante transpôs um cruzamento em nível no Km 64 entre os trens de carga operados pela MRS e os trens metropolitanos da Supervia. Tornando possível a operação simultânea das duas concessionárias.



Com o viaduto, não há mais necessidade de uma composição aguardar a ordem de circulação enquanto outra está passando, fator determinante para evitar acidentes como o do Barrinha.

A solução dessa vulnerabilidade na região próxima ao local do acidente poderia ser um fator positivo para a reativação do Barrinha.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Entroncamento Ferroviário De Barra Do Piraí

O povoado de São Benedito Da Barra Do Piraí surgiu entre 1761 e 1765, nas sesmarias às margens direita e esquerda do rio Piraí, em sua confluência com o rio Paraíba do Sul.

Quando as minas de ouro decaíram, colonizadores senhores de escravos se dedicaram a agricultura cafeeira e logo dominaram grandes áreas serra acima.


O lugar recebeu um grande incentivo para seu desenvolvimento. Assim, o povoado cresceu e tornou-se o centro do comércio do café da região, fato que propiciou a construção de uma ferrovia inaugurada 7 de agosto de 1864 pelo Imperador, para ser o maior entroncamento ferroviário do Brasil.


Administrada pela E.F.C.B, a linha que chegava a Barra Do Piraí partia da antiga estação D. Pedro II, seguia para Japeri e subia rumo a serra das araras. A linha seguiu para Minas Gerais e chegou a Juiz de Fora em 1875.


Da Estrada De Ferro Central Do Brasil, foi aberto um entroncamento com o Ramal De São Paulo e com o Ramal Da Rede Mineira De Viação, para cargas em geral pois em 1888 foi abolida a escravidão e a queda na exportação de café afetou o transporte ferroviário.


Mesmo com a construção dos ramais das estradas de ferro para São Paulo e Minas Gerais, a exportação de café não era mais tão lucrativa, no entanto a ferrovia ainda era o principal meio de comunicação entre as cidades vizinhas e o centro econômico de Barra do Piraí.


No auge do transporte ferroviário, Barra Do Piraí era o maior entroncamento ferroviário da América Latina, dando acesso ao Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.


Barra Do Piraí teve sua malha ferroviária administrada de 1864 a 1889 pela E.F. Dom Pedro II; De 1889 a 1975 pela E.F. Central Do Brasil; De 1975 a 1996 pela RFFSA e desde 1996 está sob concessão da MRS Logística. A extinta RMV (Rede Mineira de Viação) também trafegou por essa linha na mesma época da Estrada De Ferro Central Do Brasil.


Até o ano de 1996, a RFFSA operava a Linha do "Barrinha", um trem de passageiros que ligava o município de Japeri no pé da serra das Araras ao topo de Barra do Piraí, onde fazia paradas na maioria das antigas estações como os trens de passageiros que percorriam a Linha Do Centro em sua totalidade.


A grande Rotunda de Barra Do Piraí foi construída pela E.F. Central Do Brasil em 1891 com o formato de 360º e atualmente está em atividade sob concessão da MRS Logística.


Hoje a linha do Centro em Barra Do Piraí e exclusiva para o tráfego de trens cargueiros, com exceção da parte próxima ao Rio de Janeiro, por onde trafegam trens metropolitanos.