segunda-feira, 15 de junho de 2020

O Ramal Do Sumidouro

Os primeiros estudos para criar uma rota de escoamento da produção agrícola da região de Sumidouro, previam uma estrada de rodagem que permitisse a tração animal em direção a Porto Novo Do Cunha em Além Paraíba onde havia um ramal pertencente a Estrada De Ferro Central Do Brasil.

Aderindo ao advento da tração a vapor, em 1885 a Companhia Estrada De Ferro Do Sumidouro deu início a construção de um ramal que uniria as linhas da Leopoldina Railway  com a Linha Do Centro em Minas Gerais. 


Embora a intenção original fosse partir de Porto Novo, o Ramal Do Sumidouro teve início na localidade de Melo Barreto em Além Paraíba onde já havia uma humilde estação construída sob o nome "São José" que atendia os moradores de fazendas nas proximidades. Algum tempo depois esta estação passou a ser chamar "Entroncamento".


Seguindo em direção ao interior, os trilhos cruzavam o rio Paraíba do Sul através de uma magnífica ponte ferroviária que combinava os arcos formados por pedras nas extremidades e quatro seções treliças de aço. Essa ponte ficou conhecida como "ponte preta".



Duzentos metros após a ponte preta chegava-se a estação do Paquequer no município de Carmo, construída pela Companhia Estrada De Ferro Do Sumidouro e inaugurada em 1° de agosto de 1885. Ao lado da estação, os trilhos seguiam por uma ponte de pedras em arcos sobre o rio Paquequer afluente do Paraíba Do Sul.


Não muito distante dali, um túnel foi escavado na rocha para dar passagem a ferrovia. Sem se preocupar com estética ou padrões na construção a Cia E.F. do Sumidouro utilizou mão de obra escrava. Este túnel também recebeu o nome de "Paquequer".


Em 1° de agosto de 1885 foi inaugurada a primeira seção da ferrovia até Carmo totalizando 9,856 quilômetros de extensão. Essa estação teve seu nome alterado para "Bacelar".


No vilarejo de Barra Do São Francisco, município de Carmo há menções sobre a existência de uma estação batizada com o mesmo nome, no entanto não existem imagens do local ou maiores informações.

Mais ou menos seis quilômetros a frente, nas terras de uma fazenda chamada Bella Joana, junto aos trilhos que ali chegaram também foi erguida uma estação também chamada de Bella Joana.


Há certa divergência a respeito da data final de concessão da Cia. E.F. do Sumidouro e a absorção da mesma pela Leopoldina, sendo mais provável ter ocorrido em meados de 1886, a partir de então a Leopoldina ficou responsável em dar continuidade a construção do Ramal Do Sumidouro.

A ferrovia só alcançou a estação definitiva de Sumidouro em 1887, isso porque segundo relatos a estação de de Bella Joana foi inicialmente chamada de "Sumidouro" mas ainda era distante do ponto de encontro dos produtores agrícolas da região.


A linha foi prolongada por mais seis quilômetros e meio chegando onde se desenvolveu o centro do município de Sumidouro. A nova estação foi inaugurada com o devido nome: estação de Sumidouro, enquanto sua antecessora foi rebatizada com o mesmo nome da fazenda que permitiu a passagem da ferrovia.


Neste momento cumpria-se o objetivo da construção deste ramal, proporcionar o desenvolvimento da região de Sumidouro através de uma ferrovia partindo de Alem Paraíba. 

Em 1887 a Leopoldina realizou uma mudança na estação onde tinha início o Ramal Do Sumidouro. A singela estação chamada "Entroncamento" era precária e por não dispor de espaço suficiente para um girador ou para linhas de manobras, foi demolida.

No dia 20 de abril de 1887 foi inaugurada a nova estação inicial do Ramal Do Sumidouro no município de Além Paraíba - MG, batizada de Melo Barreto, uma homenagem ao engenheiro responsável pela construção da Estrada De Ferro Do Sumidouro.


Mas não era suficiente, pois agora Leopoldina tinha interesse em prolongar o Ramal Do Sumidouro com a Linha Do Cantagalo pois em 1887 ambas as linhas faziam parte do grande complexo ferroviário formado pela Companhia Estrada De Ferro Leopoldina.

O prolongamento do ramal era um projeto desafiador pois envolvia a abertura de túneis, construção de pontes ousadas, e muitas voltas por entre as montanhas da região serrana do estado do Rio De Janeiro.

Em 11 de março de 1889 os trilhos chegaram a estação Barão De Aquino, nome que homenageava José De Aquino Pinheiro, maior produtor de café da Freguesia de Nossa Senhora Da Conceição do Paquequer, que na época fazia parte de Nova Friburgo.


Em 1887 quando surgiu interesse da Leopoldina em levar a linha até Nova Friburgo deu-se início a uma das maiores obras de engenharia ferroviária na região pois durante quase três anos trabalhadores (a maior parte escravos) se dedicaram incansavelmente a construir a estrutura de uma enorme ponte em curva sustentada por nove pilares de pedras.

Conhecida como "ponte seca", a construção tinha como objetivo suprir o vão entre duas montanhas por onde foi traçada a ferrovia, pois neste ponto era necessário ter como raio mínimo de curva cerca de 60°. 


Projetada por engenheiros ingleses e construído por mão de obra escrava através da superposição de blocos de pedra, cada pilar possui 4 metros de largura por 6 metros de comprimento, o maior pilar tem 12 metros de altura e a extensão total da "ponte seca" e de 100 metros.

A linha continuava até a estação de Murineli, ainda município de Sumidouro.


Para atravessar os obstáculos foi necessário abrir três túneis, mas diferente do primeiro, agora tudo seguia o padrão impecável da Leopoldina e ao invés de ser brutalmente escavado, esse conjunto de tuneis foram esculpidos.

Túnel 1


Túnel 2


Túnel 3


Após cruzar os três tuneis a linha chegou a estação Dona Mariana que atendia o povoado de mesmo nome no município de Sumidouro.


Quando o Ramal Do Sumidouro chegou a Conselheiro Paulino em 1889, já havia uma estação inaugurada por volta de 1876 para atender a Linha Do Cantagalo.