segunda-feira, 27 de novembro de 2017

UVAFER - Museu Ferroviário De Valença


O Museu Ferroviário De Valença, localizado na antiga estação, e mantido pela UVAFER, uma organização de preservação ferroviária dedicada a resgatar a história ferroviária de Valença e localidades próximas. Este acervo reúne uma incrível variedade de objetos, documentos, reportagens, fotos, equipamentos, e muito mais.













A RMV - Rede Mineira De Viação possui grande relevância pois o Ramal De Jacutinga se formou a partir da União Valenciana, unindo a Linha Auxiliar na altura de Miguel Pereira, a Vassouras, e Valença onde havia entroncamento com o Ramal De Afonso Arinos e alcançava Santa Rita Do Jacutinga, já no estado de Minas Gerais (RMV).






Todo o material a exposição, pertenceram a Estrada De Ferro União Valenciana e seus entroncamentos, conservados por antigos ferroviários, parte das fotografias e documentos foram doadas por pessoas interessadas a resgatar os fatos importantes no desenvolvimento regional proporcionado pela construção da ferrovia.








Ferroviários aposentados e membros da UVAFER conseguiram reunir amostras de trilhos, grampos, parafusos, talas, placas e diversas ferramentas de manutenção da via permanente e do material rodante (locomotivas e vagões).




Os trilhos eram colocados sobre placas de ferro com furos, usando as marretas, os grampos eram pregados e atravessavam a placa para prender o trilho ao dormente.


As pás e tridentes podiam ser utilizados na via para espalhar as "britas", retirar barreiras de terra, ou cobrir vazamentos de óleo para evitar acidentes. Ou simplesmente alimentar a fornalha das locomotivas com carvão.



Engrenagens e algumas peças de locomotivas também foram resgatadas.



As torneiras estavam presentes em locomotivas a vapor ou em vagões para fazer a conexão dos freios de ar.



Com a desativação e o abandono, muitos vagões foram desmontados, felizmente alguns ferroviários conseguiram salvar partes importantes como essas janelas de madeira retiradas de um carro de passageiros (vagão) de primeira classe.


Além das janelas de madeira dos carros de passageiros da primeira classe, duas poltronas com estofamento original fazem parte do acervo.  


Na estação ficavam os objetos de comunicação entre as estações e os trens, sinalizadores e objetos pessoais bem como quepes capacetes e uniformes.








Objeto de extrema importância, o telégrafo da estação de Valença se encontra em perfeito estado de conservação assim como os relógios de controle.










Estão preservados também os lampiões usados como lanternas que também eram usados para sinalização, observe que o lampião prateado tem o vidro na cor vermelha para que a luz indique algo específico (principalmente para quem está distante e no escuro).


Algumas placas de sinalização foram preservadas e restauradas, há também um grande sino que ficava na torre da estação de Valença, e uma peça com a numeração de identificação da locomotiva a vapor 1196 da EFCB - Estrada De Ferro Central Do Brasil.










Em uma das salas do museu, estão reunidos objetos do escritório onde ficava o chefe da estação. Uma escrivaninha de madeira, carimbos, aparelho de telefone especial (possivelmente usado para uso restrito a comunicação entre as estações desse ramal). 



A fotografia acima da escrivaninha do Comendador Manoel Antônio Esteves se dá ao fato de ser um dos pioneiros na construção da Estrada De Ferro União Valenciana.





A história de Manoel Antônio Esteves teve início em Vassouras onde era comerciante e uma figura de grande importância para a sociedade daquela região. Após se casar, foi morar em Valença, entrando para elite como pessoa de confiança de poderosos fazendeiros e procurador da marquesa de Valença.

Sua atividade principal passou a ser a negociação de propriedades mas sua principal realização foi o patrocínio na construção da primeira linha férrea de bitola estreita do país, que ligava Valença à antiga estação de Desengano (Barão De Juparanã), e por consequência ao ramal da Linha Do Centro da Estrada de Ferro D. Pedro II.



A União Valenciana foi aberta ao tráfego em 18 de maio de 1871, com a presença do imperador na solenidade de inauguração com sua comitiva. Manoel Esteves, devido ao seu “trabalho em benefício da economia local”, facilitando o escoamento do café para o Rio de Janeiro, recebeu, em 21 de junho de 1871, a comenda da Ordem da Rosa pelas mãos da Princesa Isabel, então regente. 



O Comendador Manoel Antônio Esteves ainda construiu, por conta própria, uma estação próxima à sua fazenda, nomeada Estação de Esteves, o prédio está prestes a ruir.



Na torre da estação de Valença, ainda há posicionada na janela principal uma antiga luneta; Através dela era possível acompanhar toda a atividade dos trens onde hoje e a praça no centro da cidade. 




Essas raras imagens de 1928 mostram as construções originais dos galpões, e das Oficinas do então 4º distrito da Central respectivamente.



Além da estação havia também as "casas de turma", as casas dos funcionários, o galpão das oficinas, o depósito das locomotivas e a casa do agente da estação de Valença a dois quarteirões de distância da estação. Assim como os galpões, o prédio ainda existe. 



A estação que abriga o museu e hoje possui a função de rodoviária, e algumas das outras construções relacionadas a ferrovia permanecem em bom estado de conservação, porém hoje são utilizadas para outras finalidades.

Atualmente no prédio do antigo depósito funciona um supermercado (observação: essa rede de supermercados que hoje funciona no antigo galpão possui um estranho interesse em adquirir imóveis ferroviários como estações, galpões e oficinas, mas nem sempre essas construções são mantidas em sua forma original).




A UVAFER vem incentivando a população a colaborar da forma que puder para ampliar o conteúdo do Museu Ferroviário. Para quem ainda não conhece, estes são exemplos de doações que estão agregando muito valor ao acervo disponível a visitação.









E muito importante poder contar essa história tão especial para a região, reunindo material relacionado para que se possa compartilhar com todos os interessados e manter viva essa iniciativa tão bonita!