terça-feira, 9 de maio de 2017

Homenagem ao Ferroviário Luis Octávio


Em 13 de abril de 2017 o saudoso mestre Luís Octávio De Oliveira faleceu deixando um belo legado e muita saudade, lutando pelo que acreditava, sonhando em resgatar as origens das ferrovias brasileiras, ele fez diferença e sempre será lembrado com orgulho.

No dia 09 de abril foi realizada uma expedição liderada pela A.F.T.R Associação Ferroviária Trilhos do Rio em parceria com a A.F.P.F Associação Fluminense de Preservação Ferroviária, da qual eu Matheus Figueiredo autor do Blog Trem Da Serra Do Rio De Janeiro tive o privilégio de participar junto aos amigos da Trilhos Do Rio: Eduardo Pereira "Dado" e Fábio De Oliveira, da A.F.P.F: Adail Silveira e Luís Octávio, e dois convidados meus.


A caminhada consistiu em uma verificação informal das condições da nova linha entre Governador Portela X Miguel Pereira alterado para bitola larga na esperança de colocarem o terceiro trilho que vai permitir que o trenzinho da A.F.P.F possa voltar a trafegar.


A Associação Fluminense de Preservação Ferroviária que era presidida até então pelo mestre Luís Octávio com a ajuda do sr Adail Silveira para manter a pequena locomotiva e o auto de linha em funcionamento num trecho isolado ainda em bitola métrica.


Graças a incansável luta dos aposentados da Linha Auxiliar sob a liderança do mestre Luís Octávio e com a ajuda dos voluntários da Trilhos Do Rio e de alguns simpatizantes dispostos a contribuir de qualquer forma, parte do trecho original da linha entre Miguel Pereira e Paty Do Alferes foi preservada apesar da desativação do ramal, falta de colaboração dos órgãos públicos e as consequências da ação do tempo. 


Nascido em São Paulo no dia 14 de março de 1935, o engenheiro mecânico Luís Octávio Da Silva Oliveira membro da Academia Ferroviária De Letras fundou em 30 de abril de 1999 a A.F.P.F - Associação Fluminense de Preservação Ferroviária, fazendo parte também da AFTR - Associação Ferroviária Trilhos Do Rio. 

Em 2010 recebeu a Condecoração Engenheiro Paulo De Frontin pela Associação dos Engenheiros Ferroviários AENFER.


Após ser resgatada por Luís Octávio em 2011, a pequena locomotiva da extinta Cia. Petropolitana de Tecidos passou por um longo processo de restauração que a deixou em condições operacionais. 


Transferida para o museu ferroviário de Nogueira (Petrópolis), foi inaugurada em 21 de fevereiro de 2015 se tornando parte do acervo.
 

Sob a liderança de Luís Octávio, em 07 de agosto de 2011, a A.F.P.F resgatou, com o auxílio da SuperVia e MRS Logística, uma locomotiva diesel manobreirde a nº 7 fabricada em 1948 pela GE que pertenceu a Companhia Docas do Rio De Janeiro.

 A mesma foi transferida para o pátio da estação Barão de Mauá onde aguarda pela restauração; Essa locomotiva e um raro exemplar da época da "dieselização" das locomotivas do Porto do Rio, no final dos anos 1940, para substituir a frota de locomotivas da "era a vapor".

Na incansável luta pelo reconhecimento da importância da primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Barão de Mauá, realizou palestras e chegou a participar do programa Globo Reporter da tv Globo exibido no dia 06 de abril de 2012 sobre as ferrovias no Brasil.


Na estação Guia de Pacobaiba, emocionado, Luís Octávio diz:
 "...Se um dia essa estrada de ferro reativar eu não faço mas questão de viver... porque cumpri meu objetivo! Meu sonho e ver essa linha funcionar..."

Uma das últimas fotos feitas por mim na manhã do dia 13 de abril durante a expedição foi o registro do mestre Luís Octávio abastecendo a locomotiva manobreira que percorreu um pequeno trecho, completando parte do trajeto proposto na caminhada.


Embora não o conhecesse a muito tempo, vou sempre me lembrar daquele senhor simpático que por vezes me contou as histórias e os "casos" de antigamente, e que no museu de Portela me falou como tudo era quando os trens dominavam a região, dividindo comigo um pouco de sua experiência. As memórias, as lições e os valores continuarão vivos pois o mestre Luís Octávio deixou muitos admiradores e jovens inspirados em suas histórias que de uma forma ou de outra, hão de lutar e persistir em tornar seu sonho de ver nossas ferrovias funcionando novamente.

O mérito desse caro amigo não se restringe apenas aos projetos concretizados, mas a dedicação e a persistência em fazer valer o que ele acreditava. Infelizmente nem sempre ganhamos, e em nossa viagem a bordo do trem da vida temos que lidar com a partida daqueles que desembarcam pelo caminho, sabendo que um dia nos encontraremos novamente em alguma estação onde as lágrimas serão de emoção e não de tristeza.

Tem uma imagem que foi postada pelos colegas da AF Trilhos Do Rio onde Luís Octávio aparece com um trenzinho e sorrindo, a imagem do grande exemplo de homem que até o fim dedicou sua vida ao universo ferroviário, e assim que me lembrarei.


Quando um ferroviário parte rumo a uma nova viagem ele não chora, ele apita!

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