sábado, 7 de janeiro de 2023

Governador Portela x Vassouras x Valença x Santa Rita Do Jacutinga

As estradas de ferro na região do vale do paraíba fluminense foram uma evolução dos caminhos abertos na época do império para ligar a província do Rio De Janeiro com a de Minas Gerais.

A Linha Auxiliar substituiu o "Caminho do Comércio" Construído entre 1813 e 1817 pela Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação do Estado do Brasil e Domínios Ultramarinos. A estrada partia do Porto de Iguaçu, no rio de mesmo nome, próximo ao Caminho Novo, mas, em lugar de subir rumo a Paty do Alferes, tomava a direção mais para o sul, galgando a serra do Mar, com um trecho entre as serras do Tinguá e de Sant'Ana passando por Vera Cruz, Massambará, até atingir as margens do Rio Paraíba do Sul.

Já o Ramal De Jacutinga surgiu como rota alternativa ao "Caminho da Polícia" aberto também por volta de 1817 como o "Caminho do Comércio", porém seu traçado atravessava a Serra de Santa Ana, até a localidade de Sacra Família do Tinguá e em seguida cruzava a fazenda de José Rodrigues Alves, onde mais tarde foi fundada a cidade de Vassouras. No final dessa rota estava a aldeia de Nossa Senhora da Glória de Valença (atual Valença fundada em 1823).

O atual município de Santa Rita do Jacutinga surgiu como parte de Rio Preto - MG e até 1832 a exploração econômica local era limitada por ordem da Coroa Portuguesa. Mais tarde, as fazendas que lá se desenvolveram ganharam força com a chegada da primeira ferrovia em 1893 promovendo principalmente a zona rural.

Os caminhos da serra não mais serviam para transportar ouro, pedras preciosas e nem mesmo café; As estradas de ferro atendiam a grande demanda de passageiros, produtos das lavouras, laticínios, carga viva, e até carnes diversas em vagões refrigerados. O serviço postal e telegráfico era fornecido pela E.F. Central Do Brasil tendo as principais estações de suas linhas como agências para receber e despachar todo tipo de encomenda.

Em resumo, o Ramal De Jacutinga se formou da seguinte maneira:

1° Trecho - Barão de Vassouras x Barão de Juparanã - E.F. Dom Pedro II (1865).

Originalmente as estações de Barão De Vassouras e Barão De Juparanã (antiga Desengano) eram unidas apenas pela linha em bitola larga (1,60m) da E.F. Dom Pedro II.


Tanto a estação de Barão de Vassouras como a de Barão de Juparanã foram construídas pela E.F. Dom Pedro II. 

Ainda em 1865 foi construído um pequeno ramal entre a estação Barão de Vassouras e a Vila de Vassouras, nessa linha eram operados bondes puxados por burros ou mulas.


Alguns anos mais tarde quando foi aberto o Ramal De Jacutinga, as estações de Barão de Vassouras e Barão de Juparanã passaram a ser entroncamentos com o novo ramal em bitola métrica, sendo também compartilhadas para trens de ambas as linhas.

2° Trecho - Vassouras x Barão de Vassouras - Ferro-carril Vassourense (1865).

Ainda no ano de 1865 foi inaugurado o Ferro-carril Vassourense, uma linha férrea com 6 quilômetros de extensão entre a área urbana de Vassouras e o povoado de Barão de Vassouras. Essa pequena linha férrea foi construída em bitola de 1,10m e operava com bondes puxados por tração animal, além disso não há registros de paradas oficiais ao longo do caminho.

3° Trecho - Barão de Juparanã x Valença - União Valenciana (1871).

Entre os anos de 1871 e 1880 a Companhia União Valenciana construiu uma linha férrea em bitola de 1,10m em duas partes, sendo a primeira entre Barão de Juparanã (antiga Desengano) e Valença (antiga Marquês de Valença), e a segunda entre Valença e Parapeúna. Diferente do Ferro-carril Vassourense, nesse trecho eram utilizadas locomotivas a vapor como meio de tração para as composições ferroviárias.

O prédio original da estação Marquês de Valença foi inaugurado em 1871 como estação terminal dessa linha que atendia as estações de Quirino, Carvalho Borges, Esteves, e Chacrinha mas a Cia. União Valenciana pretendia chegar em Parapeúna (antiga Rio Preto).

4° Trecho - Valença x Parapeúna - União Valenciana (1880).

A segunda parte da linha construída pela União Valenciana partia de Valença e se prolongava até Parapeúna (antiga Rio Preto) na divisa dos estados de Rio De Janeiro e Minas Gerais.

De Valença a Parapeúna foram abertas as estações de General Osório, Santa Ignácia, Vila Pentagna, Coroas, Guimarães, Alberto Furtado, Duque, e finalmente Parapeúna.

No ano de 1910 surgiu a Rede de Viação Fluminense com o objetivo de unir trechos isolados através de uma única linha férrea, substituindo definitivamente a tração animal por locomotivas a vapor numa linha remodelada cuja a bitola foi reduzida de 1,10m para 1,00m (bitola métrica) como a Linha Auxiliar da E.F. Central Do Brasil. 

Em 1914 a estação de Valença foi demolida para a construção de um novo prédio ostentando uma torre com relógio.

5° Trecho - Governador Portela x Vassouras - E.F. Central do Brasil (1914).

No dia 1 de junho de 1914 foi inaugurado o Ramal De Jacutinga que ainda estava em construção pois até aquele momento a linha que partia de Governador Portela terminava em Parapeúna.


O trem que partia de Gov. Portela passava pela parada de Monsores e seguia pelas estações de Morro Azul, Sacra Família, Barão do Amparo, Engenheiro Nóbrega até chegar ao centro de Vassouras.

A estação de Vassouras também foi reconstruída para atender uma nova linha aberta pela E.F. Central Do Brasil a partir da estação de Governador Portela na Linha Auxiliar.

Dez anos depois da inauguração desse trecho, a Central adquiriu automotrizes movidas a gasolina para fazer a linha Portela x Vassouras como serviço adicional aos trens que trafegaram ao longo de todo ramal.  

6° Trecho - Parapeúna x Santa Rita do Jacutinga - E.F. Central do Brasil (1918).

No ano de 1918 o Ramal De Jacutinga foi concluído e uma nova estação foi construída em Santa Rita a cerca de cinquenta metros da estação construída pela RMV (Rede Mineira de Viação) em 1893, dessa forma foi aberto um novo entroncamento.

Para chegar a Santa Rita do Jacutinga o último trecho saía de Parapeúna e passava pelas paradas de Fernandes Figueira, Coronel Cardoso, João Honório, e Barbosa Gonçalves (todas essas paradas estavam ligadas a grandes propriedades). Logo trens de todo tipo chegavam em Santa Rita do Jacutinga através de um novo ramal.

Assim como o Ramal De Jacutinga e a Linha Auxiliar, em 1922 a E.F. Rio Das Flores foi encampada pela Estrada De Ferro Central Do Brasil se tornando parte da Rede de Viação Fluminense. 

O trecho original entre Comércio (Sebastião De Lacerda) e Taboas foi suprimido e a nova linha se tornou o Ramal De Afonso Arinos, começando na estação Marquês De Valença onde havia o entroncamento com o Ramal De Jacutinga e terminando na estação de Barra Longa (Afonso Arinos) em Comendador Levy Gasparian onde havia o entroncamento com a Linha Do Centro.

Em 1963, o trecho entre Portela e Barão de Vassouras foi entregue à Leopoldina, enquanto o trecho restante continuou com a Central, mas de 1971 a 1973 os dois trechos foram extintos e os trilhos retirados.

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