segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Complexo Ferroviário Da Linha Auxiliar (PARTE 5)

No município de Três Rios, a Linha Auxiliar e a Linha Do Centro se unem em bitola mista e compartilham um complexo ferroviário onde além de oficinas há também uma Rotunda.

A Rotunda e uma edificação formada a partir de um conjunto de depósitos para locomotivas agrupados de forma circular que utilizam uma "ponte giratória" localizada no ponto central para realizar as manobras entre os galpões.  


O triângulo de reversão possui a mesma função do "girador" que e a manobra dos veículos de tração, mas no caso de Três Rios cada dispositivo funcionava de forma independente, a ponte giratória movimentando as locomotivas entre os depósitos e o triângulo determinando a orientação das outras locomotivas em serviço.

Infelizmente o triângulo de reversão do projeto original (próximo ao centro da cidade) foi desmontado mas há relatos da existência de outro reversor construído pela EFCB no bairro chamado Triângulo em Três Rios.


Esse segundo triângulo de reversão conectava os ramais de Caratinga, Petrópolis (Leopoldina), e da EFCB através da Linha Da Centro e provavelmente Linha Auxiliar.


A partir de 1903 passou a ser responsabilidade da Estrada De Ferro Central Do Brasil administrar as oficinas, pátios de manobras e a rotunda de Três Rios pois os ramais da Linha Auxiliar e da Linha Do Centro dependiam desse mesmo espaço.

A imagem mais antiga, datada de 1924 mostra a entrada da oficina com trilhos em bitola mista e ao fundo a imponente rotunda de 360º.




Já uma imagem de 1928 mostra a área interna da rotunda.


O entroncamento da Linha Auxiliar com a Linha Do Centro em Três Rios possuía um sistema de operações onde as duas estações (bitola métrica e bitola larga) ficavam muito distantes do manobrador, da rotunda, e das oficinas anexas.

As estações possuíam o mesmo ritmo da cidade, com grande fluxo de pessoas nas plataformas e nos trens a todo instante, sendo extremamente perigoso realizar a manutenção das máquinas em áreas de fácil acesso.



Nas plataformas das estações era feita a triagem de cargas, o embarque e desembarque de passageiros e dependendo do destino podiam ser feitas baldeações.

O pátio das estações possuía mais de dez vias em diferentes bitolas, essas linhas eram usadas quando composições aguardavam a permissão para partir, para dar passagem para outro trem ou simplesmente para deixar vagões ou locomotivas que seriam rebocados.



Na rotunda era realizada a parte mecânica e a conservação do material rodante, nas oficinas anexas as atividades eram constantes para manter a ferrovia operando 24 horas.



As oficinas que atendiam os trens da Linha Auxiliar e da Linha Do Centro recebiam materiais oriundos da extinta metalúrgica Companhia Industrial Santa Matilde. 

Fundada em 1916, com sede em Petrópolis e fábricas nas cidades de Três Rios e Conselheiro Lafaiete a empresa produzia vagões, carros de passageiros e demais componentes ferroviários como rodas, eixos e chassis para vagões.


Com o passar dos anos tudo foi modificado, as estações foram demolidas por volta de 1960 quando se deu prioridade aos serviços de cargas utilizando locomotivas a diesel.



A Rede Ferroviária Federal estava em declínio e as marcas estavam por todo canto, o complexo ferroviário de Três Rios já não era mais como antes, e até a rotunda deixou de abrigar as melhores locomotivas para dar lugar a vagões desgarrados.


 Em 1997 com a privatização da RFFSA a FCA adquiriu a Linha Auxiliar, a MRS ficou responsável por parte da Linha Do Centro, a rotunda e suas dependências também foram cedidas para a T'Trans, uma indústria especializada em sistemas metroferroviários.


Essa imagem aérea do inicio dos anos 2000 mostra como estavam a rotunda e as oficinas durante a transição de cessão da RFFSA para o setor privado.

Fundada em novembro de 1997, a T´TRANS atua no segmento metroferroviário inclusive as mais modernas soluções para reforma e fabricação de trens de passageiros e vagões, incluindo projeto, fabricação, fornecimento, montagem, instalação, testes, treinamento, manutenção, operação, garantia e assistência técnica, em regime de Concessão.



 Uma imagem aérea de 2018 apresenta um crescimento significativo nas atividades ferroviárias que envolvem diretamente ou indiretamente os serviços da T'Trans, como por exemplo a produção dos veículos leves sobre trilhos (VLTs). Nas modernas instalações são montadas composições com capacidade para até 400 passageiros.



No pátio das oficinas há também uma via exclusiva para testes operacionais.



Quando necessário os chamados TUEs da Supervia são rebocados por locomotivas da MRS até Três Rios onde passam por vistorias e reparos.



As oficinas de reparos utilizadas pela MRS se estendem desde Barão De Angra em Paraíba Do Sul até o pátio da T'Trans que compartilham a mesma ferrovia.






O complexo ferroviário que já atendeu a Linha Auxiliar em Três Rios deixou de operar o trecho de bitola métrica após a concessionária FCA devolver o trecho que utilizava, em compensação os trens que atravessam a cidade pela Linha Do Centro trafegam a todo instante de forma harmoniosa com os trechos da via permanente compartilhados.



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