quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Ferrovia no Vale do Paraíba Fluminense (Vale Do Café)

A história do Vale do Paraíba está ligada ao ciclo econômico do café, a região começou seu desenvolvimento com o ciclo do ouro nos idos de 1700 devido à passagem pelo Rio Paraíba do Sul. Vale do Café é a denominação para o conjunto de 15 municípios da região do Vale do Paraíba do Sul Fluminense, localizado a cerca de 120 km da cidade do Rio de Janeiro.

Os municípios de Vassouras, Valença, Rio das Flores, Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Paty do Alferes, Paracambi, Miguel Pereira, Mendes, Barra do Piraí, Pinheiral, Barra Mansa, Paraíba do Sul, Volta Redonda e Resende, chegaram a produzir 75% do café consumido no mundo e garantiam ao Brasil a condição de líder mundial na produção e exportação de café. 

Após a colheita do café, os grãos eram colocados em um tanque para a retirada das impurezas. Depois da lavagem preliminar, passavam para os despolpadores dos grãos de café. Então eram transferidos para um novo tanque, onde a água mantinha-se em constante movimento, para a eliminação dos restos da polpa. Em seguida, iniciava-se o processo de secagem, as sementes eram depositadas em um terreiro plano onde ficavam expostas ao sol durante vários dias.

Após o café ficar seco, era necessário pilá-lo, ou seja, remover o segundo invólucro ou película. Nesse processo usava-se, inicialmente, pilões de madeira movidos por um animal, queda d'água e, posteriormente, motores. Com os grãos já soltos e lisos, eram armazenados em tulhas, galpões limpos e arejados, logo após o produto estava pronto para ser ensacado e transportado.


Os caminhos iniciais do café servem-se da rede dos “caminhos do ouro” na fase de desbravamento da região serrana. Com a dinamização da ocupação do Vale do Paraíba outros caminhos para carroças foram abertos, sendo estabelecida uma nova rede de circulação ligando as novas unidades produtivas aos núcleos urbanos, que davam suporte à atividade de comercialização, seguindo principalmente em direção aos portos de Iguaçu e Rio de Janeiro.

No início do século XIX, o café era transportado das fazendas em carros de boi ou no lombo de mulas, e dessa forma percorria-se um longo caminho até os portos. Devido ao aumento da produção cafeeira foram construídas linhas férreas estrategicamente próximas das fazendas para agilizar o transporte do café. Neste período a mão de obra escrava era muito conveniente no trabalho prático e principalmente no aspecto financeiro.

Na segunda metade do século XIX, com a  implantação da Estrada de Ferro D. Pedro II foi restabelecida uma nova ordem com a alteração da rede de acessibilidade de então. A polarização regional passou a ser exercida por Barra do Piraí e não mais por Vassouras, que, na época, perdeu a disputa do traçado que mais lhe convinha. Durante o século XX foi implantada uma rede viária de rodovias federais e estaduais, que durante algum tempo conviveu com o antigo sistema ferroviário.


A implantação das ferrovias no Vale do Paraíba muito se deveu à intensa produção cafeeira ocorrida na segunda metade do século XIX, desde o desbravamento da região serrana até o trabalho árduo de assentamento da ferrovia, tudo fora realizado por escravos ou trabalhadores regionais. E após o êxito das obras, todo o mérito ficava para os fazendeiros, homens importantes, e para quem pertencia a realeza.


As ferrovias mudaram positivamente a paisagem natural dos locais em que foram implantadas, integrando territorialmente diversas regiões.

O objetivo de construção das ferrovias era agilizar o escoamento da produção de café, diminuindo o tempo de transporte entre os locais de produção e os portos de onde a mercadoria era exportada. As ferrovias eram uma das condições gerais de produção necessárias ao crescimento econômico do país. Por isso, atraíram uma grande quantidade de capital estrangeiro para suas construções, principalmente inglês. 


A Estrada de Ferro D. Pedro II inaugurou o primeiro trecho (da Corte à Belém, atual Japeri) em 1858, sendo a 3ª ferrovia a ser construída no país.
Essa iniciativa se deveu ao denominado "Movimento de Vassouras", que tinha à frente a família Teixeira Leite, o qual pleiteava a construção de uma linha férrea que atendesse aquela região uma vez que abrigava as maiores fazendas de café do Império. Antes mesmo de estar concluída a primeira seção da estrada foi iniciada a implantação de um pequeno ramal, com 6 quilômetros de extensão, que ligava Belém ao pé da serra - o Ramal dos Macacos, que era destinado a absorver o café que era escoado pela Estrada do Comércio até a Vila de Iguaçu. Esse ramal foi inaugurado em 1860.

Com o café, o Vale do Paraíba se transformou, as grandes propriedades pertenciam a indivíduos que tinham títulos de nobreza do Governo e se tornaram os "barões do café", em fazendas que concentravam elevado número de escravos.


 Por todo o Vale foram construídos verdadeiros palacetes, pelos senhores que esbanjavam os lucros obtidos com a lavoura cafeeira e com a exploração do braço escravo.


A fazenda Guaribú foi fundada no final do século XVIII em Paty Do Alferes, o Barão de Guaribú (herdeiro da fazenda), foi um importante fazendeiro de Café e cana de açúcar na província do Rio de Janeiro.


A fazenda Arcozelo (antiga Freguesia) foi construída em 1792 pelo capitão mor Manoel Francisco Xavier, um rico fazendeiro que possuía três grandes fazendas em Paty do Alferes: Freguesia, Maravilha e Santa Tereza, além do sítio da Cachoeira.

Na estação de Arcozelo haviam duas linhas: a original, e uma ramificação que ia até a fazenda Freguesia, onde vagões eram carregados ou descarregados para serem tracionados por determinadas composições a partir daquela estação.


Acima e possível ver no lado esquerdo da imagem a linha principal, e ao lado a linha secundária que descia até a fazenda. Com o declínio do café, a fazenda passou a explorar somente gado leiteiro, e logo a linha que fazia a conexão entre a ferrovia e a fazenda foi removida. Ainda e possível ver os vestígios das colunas por onde passava a linha férrea, atualmente foi erguido um grande muro cercando a propriedade.




A história da Fazenda Monte Alegre está ligada a de Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, o Barão de Paty dos Alferes, membro do “Clã dos Werneck”, que dominou por quase 200 anos a maior parte das terras “Serra Acima”.

Não foi o Barão quem construiu Monte Alegre, porém, é certo que desde o ano de 1855 o Barão residiu nesta fazenda, fazendo dela seu centro de negócios e de documentação, arquivos, etc. Das várias fazendas que possuía (sete, com centenas de escravos) era a melhor localizada e possuidora do melhor quadro de profissionais. Esta fazenda chegou a abrigar 200 escravos por volta 1859.

Monte Alegre era composta pela casa de moradia com oratório próprio, moinho, engenho de farinha, 59 lances de senzala, pilões, serraria, olaria, forno apetrechado, 2 lances de casa para guardar carros, 10 lances de armazéns de café e tulhas, um canavial, cafezais, 9 enfermarias para escravos, e muito mais.

A Fazenda Cachoeira do Mato Dentro, localizada em Vassouras, pertenceu a José de Almeida Avelar, Barão do Ribeirão, estando desde 1896 com a Família Rangel.

A Fazenda Cachoeira Grande não era a maior fazenda da região, mas foi o princípio da imensa fortuna do futuro Barão de Vassouras, Francisco José Teixeira Leite, filho do Barão de Itambé.

A Fazenda São Luiz da Boa Sorte, localizada em Vassouras às margens da BR 393, é fruto da união de duas importantes fazendas do Ciclo Áureo do Café, a São Luiz e a Boa Sorte.

A história da Fazenda Monte Alegre está fortemente ligada a de seu mais importante e ilustre morador, Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, o Barão de Paty dos Alferes, membro do “Clã dos Werneck”, clã este que dominou por quase 200 anos a maior parte das terras na “Serra Acima”, como era conhecida esta parte da então Província Fluminense.

São das mais antigas as referências e registros das terras onde está situada a Fazenda Pau Grande, no município de Paty do Alferes. Ao contrário da maioria das fazendas de café, Pau Grande já existia muito antes do ciclo, dedicada principalmente a produção de açúcar.

A Fazenda Santa Cecília, em Miguel Pereira, é uma fazenda anterior ao ciclo do café. Foi construída em 1770 em estilo colonial sendo a segunda sede da Fazenda da Piedade. No apogeu do Ciclo do Café, por volta de 1840, seu proprietário, o Barão de Paty de Alferes, herdeiro dos construtores, realizou algumas remodelações. A fazenda está localizada no distrito de Vera Cruz, município de Miguel Pereira.

A Fazenda São João da Barra datada de 1830 está localizada no limite de Miguel Pereira e Vassouras. O mobiliário, os santos barrocos, a louça centenária, os instrumentos usados para tortura de escravos, tudo isso impressiona. Mas o destaque são os documentos guardados da casa. Há certidões de nascimento, venda, compra e alforria de escravos, moedas antigas e até comunicados com a assinatura de Dom Pedro II. 


Em 1883 a Província Fluminense possuía vinte e três companhias ferroviárias particulares e esta multiplicação de iniciativas produziu uma ausência de planejamento em alguns traçados, acarretando cargas insuficientes, estabelecendo conflito entre os interesses do plantador e do transportador. 

 As pequenas ferrovias aglutinaram-se, em 1898, dando origem à Leopoldina Railways.
Com a queda do Império, em 1889, a E.F.D.Pedro II passou a sechamar E.F.Central do Brasil, que, em 1890, incorporou a E.F. do Norte; A nova empresa passou a denominar a antiga estrada D. Pedro II como linha do Centro.


Em meados da década de 1860, Peregrino José da América Pinheiro (Barão de Ipiabas), desmembrou uma porção de terras da sua Fazenda Campos Elíseos, doando-a ao seu filho Francisco Pinheiro de Souza Werneck. Francisco, com pouco mais de 20 anos de idade, deu inicio à abertura de sua fazenda que passou a ser denominada “Fazenda do Guaritá”, cuja denominação está na árvore deste nome, muito comum nas matas da região. Francisco só habitou a fazenda por volta de 1875, quando da conclusão da construção da sede. Em 1882, foi agraciado com o título de segundo Barão de Ipiabas. Em 1899, o Barão hipotecou a fazenda ao Banco Hipotecário do Brasil, conseguindo no ano seguinte sua quitação. 


Em 30 de maio de 1900, o Barão de Ipiabas desistiu do café e vendeu a fazenda que após ser administrada por vários proprietários, desde a década de 1990 a Guaritá é propriedade de um empresário carioca.


Estação Barão Fritz Von Utzeri pertence a linha férrea denominada “Estrada de Ferro Fazenda Guaritá”, foram construídas dentro da fazenda pelo atual proprietário, destinada exclusivamente ao lazer da família e convidados.


O pequeno trenzinho que circula por uma área grande da fazenda, remete aos bons tempos do Vale Do Paraíba Fluminense, e com todo o charme da Maria Fumaça encanta pessoas de todas as idades.


Embora esteja localizada no município de Além Paraíba MG, a Fazenda Gironda, as margens da Linha Auxiliar em território mineiro muito contribuiu e lucrou por escoar sua produção cafeeira através deste ramal. 


A fazenda foi aberta por volta do ano de 1850 pelo Sr. Agenor Reis Leite. Cinco anos depois foi vendida para o Sr. José Eugênio Teixeira Leite que no ano de 1876 veio a falecer, deixando de herança para sua filha Francisca Teixeira Leite Soares e seu marido Francisco Belizário Soares de Souza.


A fazenda Gironda localizada em território mineiro possuidora de grande extensão de terras com várias lavouras de café, utilizava uma linha férrea, cujo os pequenos vagões eram puxados por burros para transportar o café dos cafezais para os tanques de lavagem. Esta linha particular, foi construída em 1890 por um dos proprietários que era engenheiro civil. Trafegava por esta linha também um bondinho de passageiros, que circulava pela fazenda, transportando seus donos, amigos e parentes.

Essa pequena linha tinha como seu ponto final a Estação Texeira Soares inaugurada em 1871 pela E. F. Dom Pedro II no ramal de Porto Novo, posteriormente reduzido a bitola métrica e incorporado à Linha Auxiliar da EFCB.

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