quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Assalto ao Trem Pagador Na Linha Auxiliar


No dia 14 de junho de 1960, às 8:25 da manhã, partia da estação de Japeri na Linha Auxiliar o Trem Pagador, prefixo SAP-21 tracionado pela locomotiva a vapor N° 1147, tripulada pelo maquinista Venceslau José de Castro e pelo foguista Pedro José da Silva.


No vagão viajavam o pagador Círio Antônio da Silva, e seus auxiliares, Sebastião Alvarenga Vale e Leonel Esteves; Eusébio Galvão, guarda linha da Central e o operário Francelino Correia, que viajava de carona na parte externa do vagão.


O destino era a estação de Paes Leme no km 75,560 da Linha Auxiliar, mas foi no km 71, num lugar conhecido como "curva da morte" antes até da parada de Botais no km 75,530.


O trem transportava o valor de 27 milhões e 600 mil cruzeiros, pagamento de mais de mil ferroviários dessas e outras estações da E.F.C.B.


Cerca de seis homens mascarados cercaram o trem, o líder da ação foi o primeiro a subir no vagão, enquanto seu auxiliar mais próximo juntou os funcionários da Central num barranco, ameaçando a todo instante executar todos; Porém o chefe disse um "deixa pra lá", e fugiram carregando o dinheiro, que totalizava 27 milhões e 600 mil cruzeiros.



Círio levou várias coronhadas na cabeça, Leonel levou um tiro na coxa, Sebastião também foi ferido, Eusébio levou um tiro na boca, e Francelino foi atingido por um tiro na cabeça e morreu no local.


A polícia, foi acionada e organizou buscas nas imediações do local do assalto, de imediato, constataram que o bandidos tiveram o trabalho de abrir uma picada no matagal para que o acesso ao trem fosse facilitado.


No local da tocaia foram encontrados um maço de cigarros importado da marca Marlboro, uma garrafa de uísque e um talão de "Traveller’s Checks"; Indícios de que estariam muito tempo à espreita.


Logo também a polícia, conseguiu algumas informações com um lavrador morador das vizinhanças, que alguns dias antes se surpreendera com trabalhos de abertura da picada no mato, sendo informado pelos meliantes de que eles haviam comprado uma fazenda nas imediações e estavam abrindo um caminho que levava aos trilhos da Rede Ferroviária Federal para facilitar os trabalhos que seriam desenvolvidos na fazenda.


A polícia também ficou sabendo que, ao passarem pelo atalho ruma à estrada que dava em Japeri, os assaltantes se viram impedidos de continuarem devido a uma tropa de burros que barrava o caminho.


Com o desenvolvimento das investigações, o polícia ficou convicta de que o local do assalto foi muito bem escolhido por ser uma área rural, pouco habitada, cercada de morros, essa "curva da morte" era considerada desnecessária pelos maquinistas que trafegavam neste ramal, justamente por ser um local escondido por um monte e um denso matagal.


Com as enormes repercussões do assalto, a caçada se tornou implacável; agentes das polícias do Estado do Rio, do Estado da Guanabara e da própria Rede Ferroviária Federal começaram a vasculhar uma imensa área, que ia até Nova Iguaçu, munidos de armas portáteis leves, granadas e até gás lacrimogêneo.

Na época, o assalto ao trem pagador foi largamente noticiado pela mídia brasileira, tendo servido de tema para o filme O Assalto ao Trem Pagador, que foi um dos maiores sucessos da história do cinema brasileiro.


O vagão usado no filme foi o mesmo do assalto, ele estava sendo desmontado na oficina, mas a Central concordou em reconstruí-lo, e usá-lo na filmagem. Era possível ver até os furos das balas de 1960 nas paredes de madeira.


Não há informações sobre o destino da locomotiva a vapor Nº 1147 usada na composição do trem pagador e na produção do filme. Na listagem de plantas e modelos de locomotivas da EFCB - RFFSA faltam todas as grandes locomotivas de numeração superior a 1000 da ultima fase a vapor

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